Equipa Técnica do FMI Termina Visita a Moçambique

3 de agosto de 2018

Os comunicados de imprensa de fim de missão são declarações das equipas do corpo técnico do FMI que transmitem constatações preliminares após a visita a um país. Os pontos de vista expressos neste comunicado são do corpo técnico do FMI e não representam necessariamente os pontos de vista do Conselho Executivo do FMI. Esta missão não será alvo de discussão no Conselho.

Uma equipa do corpo técnico do Fundo Monetário Internacional (FMI), chefiada por Ricardo Velloso, visitou Moçambique de 25 de Julho a 3 de Agosto de 2018 para avaliar os desenvolvimentos macroeconómicos recentes, actualizar o quadro macroeconómico para 2018-19 e proporcionar contribuições para a elaboração do orçamento preliminar de 2019.

No final da missão, o Sr. Velloso emitiu a seguinte declaração:

“A economia Moçambicana está a recuperar gradualmente. O crescimento real do PIB atingiu os 3¾ por cento em 2017 – mais ¾ pontos percentuais em relação à projecção do Fundo na última consulta do Artigo IV – apoiado por uma recuperação mais forte do que o esperado na agricultura e por uma produção mineira significativamente mais alta. A inflação declinou rapidamente, de um pico de 26 por cento (em termos homólogos) em Novembro de 2016 para cerca de 6 por cento (em termos homólogos) em Junho, reflectindo a política monetária apertada, a estabilidade cambial e a desaceleração dos aumentos dos preços dos alimentos. Um forte desempenho das exportações e um crescimento modesto nas importações ajudaram a diminuir o défice da conta corrente externa, apoiando uma forte acumulação de reservas internacionais que no final de Junho cobriam cerca de 6⅔ meses das importações projectadas do próximo ano, excluindo as dos megaprojectos.

“Do lado fiscal, o governo adoptou medidas importantes que ajudaram a conter o défice fiscal: foram eliminados os subsídios ao combustível e ao trigo, foi adoptado um mecanismo automático de ajuste do preço do combustível, foram aumentados os preços da energia e dos transportes. Em resposta a uma desinflação rápida, o Banco de Moçambique tem vindo a relaxar a política monetária, reduzindo a sua taxa de política em um total de 600 pontos base desde Abril de 2017.

“A perspectiva a curto prazo é de uma recuperação gradual e ampla na actividade económica e uma inflação controlada. Projecta-se um crescimento real do PIB em cerca de 3½ a 4 por cento em 2018, acelerando-se para cerca de 4 a 4½ por cento em 2019. Espera-se que esta recuperação seja apoiada por reduções adicionais nas taxas de juro face ao cenário favorável da inflação. Espera-se que a inflação permaneça baixa nos 6½ por cento em 2018, e que desça para 5½ por cento em 2019. As reservas internacionais deverão manter-se a níveis confortáveis em 2018 e 2019.

“Com relação às preparações em curso para o orçamento de 2019, a missão recomendou a submissão de uma proposta orçamental sustentada por pressupostos macroeconómicos realistas, bem como por projecções da receita e despesa prudentes. Do lado da receita, a missão recomendou a eliminação das isenções do IVA, excepto para os bens da cesta básica, e o fortalecimento da administração do IVA. Do lado da despesa, a missão aconselhou a redução do tamanho da folha salarial como percentagem do PIB através de aumentos salariais moderados, particularmente para as camadas melhor remuneradas do sector público, e parcimónia nas contratações adicionais, que deverão ser limitadas às necessidades urgentes nos sectores sociais. A missão realçou também a importância de continuar a limitar outros items da despesa através de uma melhor priorização, incluindo despesas de investimento público.

“Face ao sobre-endividamento no que respeita a dívida p ública, a missão encorajou o governo a recorrer, na medida máxima possível, ao financiamento externo por donativos e crédito altamente concessional, assegurando ao mesmo tempo, que a emissão de garantias da dívida siga estritamente os novos procedimentos de aprovação mais rigorosos estabelecidos em Dezembro de 2017. A missão felicitou os esforços em curso para eliminar, ao longo do tempo, os pagamentos internos em atraso aos fornecedores, e adoptar reformas na gestão das finanças públicas de forma a evitar uma acumulação adicional de atrasados. A missão destacou também a importância de eliminar os reembolsos do IVA em atraso ao longo do tempo.

“A missão observou que há espaço para o Banco de Moçambique continuar a relaxar a política monetária, mas notou que isto deve ser feito com cautela face às incertezas na economia mundial e às incertezas de um ciclo eleitoral intenso em Moçambique. A missão encorajou o Banco de Moçambique a assegurar um nível confortável de reservas internacionais e a manter a flexibilidade do regime cambial que tem servido bem o país.

“A missão teve discussões frutuosas com Suas Excelências o Sr. Ministro da Economia e Finanças Adriano Maleiane, o Sr. Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela e com outros altos quadros do governo, representantes da Assembléia da República, do sector privado e da comunidade de doadores. A missão agradece às autoridades pela sua disponibilidade e colaboração bem como pelo apoio fornecido para facilitar o trabalho da missão.”

Departamento de Comunicação do FMI
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