Conselho de Administração do FMI conclui a terceira avaliação do acordo com São Tomé e Príncipe ao abrigo da Facilidade de Crédito Alargado

27 de agosto de 2021

  • A decisão do Conselho de Administração do FMI possibilita um desembolso imediato de cerca de 2,70 milhões de USD para São Tomé e Príncipe a fim de ajudar a atender às necessidades de financiamento do país, apoiar as despesas sociais e a recuperação após a pandemia.
  • O excecional apoio internacional e as ações céleres por parte das autoridades estão a ajudar a fazer face aos impactos sanitários, sociais e económicos da pandemia da Covid 19.
  • A estabilidade macroeconómica tem sido mantida e o desempenho do programa ao abrigo da Facilidade de Crédito Alargado (ECF, na sigla em inglês) tem sido estável, embora a pandemia tenha atrasado algumas reformas estruturais.

Washington, DC. Em 27 de agosto de 2021, o Conselho de Administração do Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu a terceira avaliação do acordo com São Tomé e Príncipe ao abrigo da Facilidade de Crédito Alargado. A decisão do Conselho permite o desembolso imediato de 1,90 milhões de DSE (cerca de 2,70 milhões de USD), elevando os desembolsos totais para São Tomé e Príncipe ao abrigo do programa a 9,09 milhões de DSE (cerca de 12,91 milhões de USD).

O acordo ECF com São Tomé e Príncipe, com duração de 40 meses, foi aprovado a 2 de outubro de 2019 no montante de 13,32 milhões de DSE (cerca de 18,15 milhões de USD, ou 90% da quota do país) (ver Comunicado de Imprensa n.º 19/363 ) [1] . O programa visa apoiar a agenda de reformas económicas do governo a fim de restaurar a estabilidade macroeconómica, reduzir a vulnerabilidade da dívida, aliviar as pressões sobre a balança de pagamentos e criar as bases para um crescimento mais robusto e inclusivo.

A segunda avaliação foi concluída em fevereiro de 2021, com um desembolso de cerca de 2,73 milhões de USD. A primeira avaliação foi concluída em julho de 2020, com um desembolso de cerca de 2,67 milhões de USD e, ao mesmo tempo, o Conselho de Administração do FMI aprovou um aumento do acordo ECF no montante de 2,08 milhões de USD (ver Comunicado de Imprensa n.º 20/272 ). Em abril de 2020, o Conselho de Administração também aprovou 12 milhões de USD em financiamento de emergência para São Tomé e Príncipe ao abrigo da Linha de Crédito Rápido (RCF, na sigla em inglês) e o alívio do serviço da dívida ao FMI ao abrigo do Fundo Fiduciário para Alívio e Contenção de Catástrofes (CCRT, na sigla em inglês) para satisfazer as necessidades de financiamento externo resultantes da pandemia da Covid-19 (ver Comunicado de Imprensa n.º 20/179 ).

Avaliação do Conselho de Administração [2]

No seguimento da reunião do Conselho de Administração, o Sr. Bo Li, Subdiretor-Geral e presidente em exercício do Conselho, emitiu a seguinte declaração:

“As ações céleres por parte das autoridades e o apoio internacional ajudaram São Tomé e Príncipe a mitigar o impacto da crise relacionada com a pandemia. Contudo, subsistem elevadas incertezas e a implementação contínua e firme do programa e as reformas estruturais, juntamente com a vacinação adequada, são essenciais para assegurar um crescimento mais resiliente, sustentável, inclusivo e verde.

O desempenho do programa das autoridades continua a ser favorável, apesar do contexto difícil da pandemia. Será essencial atender às necessidades sociais e económicas imediatas e implementar progressivamente a consolidação orçamental para apoiar a recuperação económica e preservar a sustentabilidade da dívida. Neste contexto, a introdução do IVA em 2021, o controlo da dinâmica da despesa, em especial os gastos com pessoal, e o recurso contínuo a donativos e empréstimos altamente concessionais são cruciais.

Saúdam-se os esforços das autoridades para promover o aumento da transparência. A revisão da legislação relativa à contratação pública para permitir a recolha e a publicação de informações sobre os beneficiários efetivos é um passo importante rumo a uma maior transparência, tal como a elaboração dos relatórios de auditoria relativos à despesa da Covid‑19.

A política monetária deve apoiar o regime de paridade cambial e a recuperação. Neste contexto, é importante prosseguir com a gestão ativa da liquidez e os esforços para reforçar a capacidade de gestão dos riscos e das vulnerabilidades do setor financeiro. Um novo quadro jurídico para o banco central e o setor financeiro também deverá proporcionar a tão necessária modernização.

Tendo em conta as recentes faltas de energia, a aceleração das reformas no setor da energia contribuiria para o fornecimento mais estável e a menor custo de eletricidade, apoiaria o desenvolvimento e o potencial de crescimento do país, assim como diminuiria as pressões sobre a dívida pública e as reservas cambiais. A prossecução de amplas reformas estruturais também deverá facilitar o investimento privado, contribuir para o desenvolvimento do setor do turismo e promover um crescimento mais resiliente e inclusivo.”


Tabela 1. São Tomé e Príncipe: Indicadores Económicos Selecionados, 2017–26

(Variação percentual anual, salvo indicação em contrário)

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024

2025

2026

2ª aval.

Proj.

2ª aval.

Proj.

Proj.

Proj.

Proj.

Proj.

Proj.

Rendimento nacional e preços

PIB a preços constantes

3.9

3.0

2.2

-6.5

3.0

3.0

2.1

2.9

3.3

3.5

3.7

4.0

Deflator do PIB

2.0

2.6

7.0

4.0

5.6

4.0

2.7

2.0

2.8

2.9

2.9

3.9

Preços no consumidor (fim do período)

7.7

9.0

7.7

9.3

9.4

4.9

4.7

6.2

5.0

5.0

5.0

5.0

Preços no consumidor (média do período)

5.7

7.9

7.7

9.9

9.8

5.6

5.4

7.0

5.8

5.2

5.0

4.4

Comércio externo

Exportações de bens e serviços não fatoriais

-10.8

13.9

-1.9

-47.3

-46.3

61.0

18.4

48.0

23.4

6.4

9.0

8.5

Importações de bens e serviços não fatoriais

5.5

4.3

-5.3

-7.2

-10.4

8.5

9.4

2.9

8.9

4.5

5.0

5.8

Taxa de câmbio (novas dobras por USD; fim do período) 1

20.7

21.5

22.0

20.1

Taxa de câmbio efetiva real (média do período, depreciação = -)

4.9

8.8

5.3

...

5.7

...

...

...

...

...

...

...

Moeda e crédito

Base monetária

-9.6

0.8

-7.4

22.6

31.0

-6.6

-10.8

1.3

13.8

Massa monetária (M3)

-0.4

14.3

-2.2

1.2

10.9

7.1

7.5

5.2

6.3

Crédito à economia

2.5

-1.6

3.2

1.9

-1.6

0.5

0.4

4.7

5.5

...

….

….

Velocidade (PIB/M3; fim do período)

3.1

2.9

3.0

3.0

2.8

3.0

3.0

3.0

3.0

...

Taxa de juro de referência do banco central (%)

9.0

9.0

9.0

...

9.0

...

...

...

...

...

...

...

Taxa média dos emprést. bancários (%)

19.6

19.9

19.1

...

19.1

...

...

...

...

...

...

...

Finanças públicas (em percentagem do PIB)

Total de receita, donativos e bónus de assin. do petróleo

24.9

24.1

22.0

28.2

25.3

21.5

25.7

24.8

24.0

23.9

23.8

23.5

D/q: Receitas fiscais

12.7

12.8

12.3

14.5

13.1

14.8

13.3

14.4

14.9

15.1

15.5

15.6

Receitas não fiscais

1.7

3.1

3.3

2.5

2.4

2.9

2.5

2.8

2.5

2.7

2.8

3.0

Donativos

10.5

8.3

6.4

11.2

9.7

3.8

9.9

7.6

6.6

6.1

5.5

5.0

Total da despesa e concessão líquida de empréstimos

27.6

26.0

22.1

25.0

23.1

23.5

27.2

24.2

25.0

24.4

24.0

23.8

Gastos com pessoal

8.3

9.3

9.0

10.9

9.3

11.1

10.0

9.8

9.6

9.5

9.5

9.5

Juros devidos

0.5

0.4

0.7

0.5

0.3

0.4

0.4

0.4

0.4

0.3

0.3

0.2

Despesa corrente excl. juros e salários

6.9

7.0

7.5

8.4

7.2

8.3

7.4

7.3

7.2

7.2

7.3

7.3

Despesas de investimento financiadas pelo Tesouro

0.7

1.4

0.1

0.3

0.2

0.3

0.3

0.4

0.4

0.4

0.4

0.7

Despesas de investimento financiadas por doadores

11.0

7.8

4.7

1.3

3.0

1.4

7.4

6.1

7.2

6.7

6.3

5.9

Despesas de investimento relacionadas com a Iniciativa HIPC

0.2

0.1

0.1

0.2

0.1

0.2

0.2

0.2

0.2

0.2

0.2

0.2

Despesa Covid-19

3.5

2.9

1.7

1.5

Saldo primário interno 2

-2.4

-4.2

-1.8

-5.3

-3.2

-3.9

-3.5

-2.0

-0.2

0.3

0.6

0.6

Financiamento interno líquido

1.8

3.4

-1.5

-1.7

-1.7

4.3

1.3

-0.1

-1.0

-1.0

-1.0

-1.1

Saldo global (base de compromisso)

-2.7

-1.9

-0.1

3.2

2.2

-2.0

-1.5

-0.5

-1.0

-0.5

-0.2

-0.3

Dívida pública 3

81.1

93.2

99.9

103.0

87.4

101.4

87.9

86.5

84.3

80.9

76.8

71.2

D/q: Dívida da EMAE à ENCO

19.6

23.3

28.9

31.5

24.2

32.9

26.0

29.0

29.5

29.1

27.9

26.5

Setor externo

Saldo da conta corrente (percentagem do PIB)

Incl. transferências oficiais

-13.2

-12.3

-12.1

-17.4

-14.1

-16.3

-11.3

-7.5

-6.7

-6.3

-6.0

-5.7

Excl. transferências oficiais

-24.3

-21.0

-18.5

-28.6

-23.9

-20.1

-21.2

-15.1

-13.3

-12.4

-11.5

-10.7

VA da dívida externa (percentagem do PIB)

31.5

26.6

27.2

32.2

25.4

30.0

24.4

24.2

23.9

23.3

22.6

21.7

Serviço da dívida externa (percentagem das exportações) 4

3.8

2.6

4.5

8.5

5.0

7.5

11.6

8.4

6.8

8.7

9.0

7.4

Exportação de bens e serviços não fatoriais (milhões de USD)

86.1

98.0

96.2

50.7

51.7

81.6

61.2

90.5

111.7

118.9

129.5

140.5

Reservas internacionais brutas 5

Milhões de USD

51.4

35.1

40.4

54.7

67.6

58.1

63.4

70.3

72.0

75.1

76.6

76.5

Meses de importações de bens e serviços

3.1

2.2

2.8

3.5

4.3

3.6

4.0

4.0

3.9

3.9

3.8

3.8

Meses de importação de bens e serviços não fatoriais 6

4.2

3.0

4.0

5.1

6.4

5.0

5.7

5.9

6.0

6.1

5.9

6.2

Conta Nacional do Petróleo (milhões de USD)

11.3

19.5

18.8

16.2

16.6

13.2

13.5

12.5

10.2

8.3

6.8

5.6

Por memória

Produto interno bruto

Milhões de novas dobras

8,154

8,619

9,424

8,976

10,247

9,615

10,750

11,281

11,972

12,748

13,602

14,693

Milhões de USD

375.8

415.6

430.7

418.1

477.3

478.2

533.6

572.9

616.4

662.2

711.0

771.6

Per capita (em USD)

1,842

1,989

2,022

1,918

2,190

2,144

2,393

2,524

2,657

2,794

2,938

3,002

Fontes: Dados das autoridades são-tomenses e estimativas e projeções do corpo técnico do FMI.

1 O ponto médio da taxa do banco central (BCSTP).

2 Exclui as receitas relacionadas com o petróleo, donativos, juros auferidos, pagamentos de juros programados e despesas de investimento financiadas com recursos externos.

3 Total da dívida pública e com garantia pública conforme definido na ASD, o que inclui a dívida da EMAE à ENCO (e exclui os atrasados do governo à EMAE devido à consolidação).

4 Em percentagem das exportações de bens e serviços não fatoriais.

5 As reservas internacionais brutas excluem a Conta Nacional do Petróleo, os depósitos em divisas dos bancos comerciais no BCSTP que se destinam a cumprir as exigências de RMC, para a apresentação de pedidos de licenciamento e para cumprir as exigências de capital.

6 Importações de bens e serviços excluindo importações de bens de investimento e assistência técnica.



[1] Taxa de câmbio do USD à data da aprovação.

[2] Concluídas as discussões, a Diretora-Geral, na qualidade de Presidente do Conselho, resume os pontos de vista dos Administradores e este resumo é transmitido às autoridades do país. Uma explicação de quaisquer qualificadores usados no resumo pode ser consultada aqui: http://www.IMF.org/external/np/sec/misc/qualifiers.htm .

Departamento de Comunicação do FMI
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