Corpo técnico do FMI conclui visita de 2025 nos termos do Artigo IV ao Brasil
3 de junho de 2025
- A economia brasileira registrou um crescimento forte nos últimos três anos, surpreendendo pelo lado positivo. A inflação cresceu em 2024 em meio à forte demanda, ao aumento dos preços dos alimentos e à desvalorização da moeda, ultrapassando o intervalo de tolerância da meta. O corpo técnico projeta que o crescimento irá moderar no curto prazo, à medida que a inflação convirja para a meta, e depois irá se recuperar e alcançar 2,5% no médio prazo.
- A mudança do Banco Central do Brasil (BCB) para um ciclo de aperto monetário em setembro de 2024 foi apropriada e coerente com o esforço de trazer a inflação e as expectativas de inflação de volta à meta de 3%. Diante do aumento da incerteza política global e das expectativas de inflação acima dos níveis compatíveis com a meta, é prudente manter a flexibilidade quanto ao ritmo e à duração do ciclo de aumentos.
- Os esforços das autoridades para continuar a melhorar a posição fiscal, enquanto buscam atender às necessidades de gasto social e de investimento, são bem-vindos e medidas adicionais são justificadas. A eliminação gradual de renúncias tributarias dispendiosas e ineficientes, melhorias na administração de receitas, e enfrentar a rigidez orçamentária criariam espaço para investimentos prioritários, apoiaria a sustentabilidade da dívida pública e facilitaria uma trajetória mais baixa de juros.
- As autoridades estão cumprindo sua agenda de crescimento inclusivo e sustentável. A implementação da histórica reforma do IVA está em andamento e uma reforma do imposto de renda que visa aumentar a equidade está em discussão no Congresso.
Washington, DC: Uma equipe do Fundo Monetário Internacional (FMI), liderada por Daniel Leigh, manteve discussões, no âmbito das consultas de 2025 ao abrigo do Artigo IV, com as autoridades brasileiras e com outras partes interessadas, durante o período de 20 de maio a 2 de junho de 2025. No fim da visita, o Sr. Leigh emitiu a seguinte declaração:
“A economia brasileira registrou um crescimento forte nos últimos três anos, surpreendendo pelo lado positivo. O corpo técnico projeta uma moderação do crescimento, que passaria de 3,4% em 2024 para 2,3% em 2025, em meio a condições monetárias e financeiras restritivas, à redução do apoio fiscal e ao aumento da incerteza política global. A inflação deve chegar a 5,2% no fim de 2025 e convergir gradativamente para a meta de 3% até o fim de 2027. O déficit em conta corrente externa atingiu 2,8% do PIB em 2024 em virtude da força das exportações e do aumento das importações em decorrência do fortalecimento da atividade econômica.
No médio prazo, a previsão é que o crescimento se recupere e alcance 2,5%, graças à normalização da política monetária e a fatores estruturais de apoio, com destaque para a implementação da reforma do IVA, que aumentará a eficiência, e para o aumento da produção de hidrocarbonetos. Reformas estruturais adicionais e a implementação do Plano de Transformação Ecológica aumentariam ainda mais as perspectivas de crescimento no médio prazo.
Os riscos para as perspectivas de crescimento pendem para o lado negativo, em meio ao aumento da incerteza política global. Um sistema financeiro sólido, reservas cambiais suficientes, a baixa dependência de endividamento em moeda estrangeira, as grandes reservas de caixa do governo e a taxa de câmbio flexível continuam a respaldar a resiliência do Brasil.
A mudança do Banco Central do Brasil (BCB) para um ciclo de aperto monetário em setembro de 2024 foi apropriada e coerente com o esforço de trazer a inflação e as expectativas de inflação de volta à meta de 3%. As expectativas de inflação acima da meta no curto e médio prazo, assim como o aumento do hiato do produto positivo, embasaram o argumento para os aumentos dos juros pelo BCB. Diante do aumento da incerteza política global e das expectativas de inflação acima dos níveis compatíveis com a meta, é prudente manter a flexibilidade quanto ao ritmo e à duração do ciclo de aumentos.
Os esforços das autoridades para continuar a melhorar a posição fiscal, enquanto buscam atender às necessidades de gasto social e de investimento, são bem-vindos e medidas adicionais são justificadas. Para posicionar a dívida pública em uma trajetória firmemente descendente, criar espaço para investimentos prioritários e facilitar uma trajetória mais baixa de juros, o corpo técnico recomenda um esforço fiscal sustentado e mais ambicioso, apoiado por um arcabouço fiscal reforçado, mobilização de receitas e medidas do lado da despesa. Espera-se que a implementação da histórica reforma do IVA de 2023 simplifique consideravelmente o sistema tributário e eleve a produtividade. Os esforços visam, com razão, assegurar a neutralidade da receita.
O setor financeiro foi resiliente em 2024 e deve continuar assim em meio aos juros mais altos. As autoridades estão implementando mudanças regulatórias destinadas a fortalecer ainda mais essa resiliência. São necessárias reformas para facilitar a redução da alavancagem das famílias. Atualmente, os bancos públicos se mostram bem capitalizados, rentáveis e líquidos, e estão pagando dividendos ao governo. Ao conceder empréstimos, os bancos públicos devem continuar a priorizar a correção de falhas do mercado, apoiando, por exemplo, o investimento de longo prazo.
O BCB continua a promover sua agenda de inovação financeira. O Pix, sistema de pagamento instantâneo desenvolvido pela autoridade monetária, já representa 49% de todos os pagamentos eletrônicos no Brasil; é o método mais popular, o que reflete seu baixo custo e a liquidação imediata. O teste-piloto do Drex, a moeda digital do Banco Central do Brasil, avançou para a segunda fase, na qual serão testados e aprimorados casos de uso adicionais e a integração com plataformas externas, enquanto se continua a explorar soluções para a privacidade dos dados.
As autoridades estão cumprindo sua agenda de crescimento inclusivo e sustentável. As reformas estruturais, somadas ao aumento da produção de hidrocarbonetos, elevaram as perspectivas de crescimento de médio prazo do Brasil. Outras reformas estruturais, juntamente com a implementação do Plano de Transformação Ecológica, promoveriam ainda mais a produtividade, o investimento e um crescimento gerador de empregos e, ao mesmo tempo, ampliariam os ganhos recentes em matéria de inclusão social. O Brasil tem feito um progresso notável na redução do desmatamento nos últimos anos e, a continuar nessa trajetória, irá atingir as metas de sua Contribuição Nacionalmente Determinada.
A equipe gostaria de agradecer às autoridades e aos representantes do setor privado o apoio, a hospitalidade e o diálogo construtivo.”
Departamento de Comunicação do FMI
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