Pessoas tiram fotos em Montevidéu, Uruguai, onde a previsão de crescimento para 2019 é de 2% (foto: Global_Pics / iStock).

Pessoas tiram fotos em Montevidéu, Uruguai, onde a previsão de crescimento para 2019 é de 2% (foto: Global_Pics / iStock).

Cinco conclusões sobre as perspectivas econômicas do Uruguai

22 de fevereiro de 2019

 

Na última década e meia, a economia uruguaia tem se mostrado resiliente, o que contribuiu para reduzir a pobreza e elevar a renda a um dos níveis mais altos da região.

Recentemente, porém, o crescimento assumiu um ritmo mais moderado e o país enfrenta os desafios do investimento baixo, queda do emprego e um ambiente externo incerto, como aponta o FMI na sua análise anual da economia uruguaia.

O último relatório sobre a saúde econômica do Uruguai e suas perspectivas destaca cinco conclusões, reproduzidas a seguir.

  1. Crescimento

Embora o consumo tenha continuado a apoiar a demanda interna, o investimento privado permaneceu anêmico e as exportações líquidas (o valor das exportações totais de um país menos o valor de suas importações totais) se tornaram negativas, o que pesa sobre o crescimento. Ademais, uma grave seca no primeiro trimestre de 2018 resultou na queda nas safras de verão (sobretudo de soja). Projeta-se que o crescimento fique próximo de 2% em 2018 e 2019, refletindo uma combinação da fraca demanda dos parceiros regionais e da recuperação prevista para a agricultura e o investimento, e que aumente para 3% em 2020.

 2. Instituições sólidasPara superar o ambiente externo menos favorável, será necessário manter o histórico positivo do Uruguai, construído sobre instituições sólidas e políticas econômicas prudentes. Por ser uma pequena economia aberta, o Uruguai é vulnerável a mudanças no sentimento dos mercados mundiais e a repercussões regionais. Políticas econômicas criteriosas – como a diversificação das exportações e destinos, tendo a China como um importante parceiro comercial – ajudaram o país a resistir a choques regionais. No futuro, o governo deve aproveitar as vantagens institucionais do Uruguai para melhorar os quadros de política fiscal e monetária e implementar novas reformas para fortalecer os resultados da educação, a competitividade e o investimento do setor privado, de modo a salvaguardar os ganhos sociais da última década e apoiar o crescimento. 

3. Dívida
Colocar a dívida numa trajetória descendente pode ajudar a conter os riscos fiscais. Baixar o déficit orçamentário global do governo, com base na redução do elevado nível de despesas correntes, ajudaria a pôr a dívida numa firme trajetória descendente. Além disso, as tarifas dos serviços de utilidade pública deveriam ser ajustadas de acordo com a estrutura de custos e as necessidades de investimento das empresas públicas.

4. Inflação
Reduzir a inflação de modo a trazê-la para o centro da meta é importante para ancorar as expectativas de inflação. A partir de meados de 2018, a inflação ultrapassou o limite da meta, devido ao impacto da seca e da depreciação do peso, e hoje está em 7,4%. A orientação da política monetária deve continuar a ser ajustada até que a inflação e as expectativas se aproximem do centro da meta (5%). 

5. Reformas

Políticas estruturais contribuiriam para sustentar a convergência da renda para os níveis das economias avançadas. Uma opção seria ampliar o espaço no orçamento do governo para investir mais em infraestrutura – um exemplo é o recente projeto ferroviário. Uma reforma no setor educacional também ajudaria a preparar quem busca emprego para o mercado de trabalho centrado na tecnologia. Além disso, a melhoria do ambiente global de negócios e do acesso a financiamento poderia apoiar o investimento privado.